A
Nadir Figueiredo assinou contrato de
compra da Santa Marina, divisão de utilidades domésticas controlada pelo
grupo francês Saint-Gobain. Com o negócio, a centenária Nadir Figueiredo
fortalece a atuação mundial e se torna a maior fabricante de vidros ocos do
Brasil, com faturamento bruto anual que deve superar R$ 700 milhões em 2011. A
empresa não informou o valor da operação.
Os
recursos para a aquisição devem vir do caixa da Nadir, e de linhas de
financiamento em bancos e no BNDES. O negócio envolve a aquisição das marcas Marinex, Duralex e Santa Marina,
que em alguns segmentos chegam a ter mais de 60% de participação de mercado no
Brasil. Nós perguntamos se eles queriam vender, e eles aceitaram. Foi uma
longa negociação e temos muito a fazer pela frente ainda, disse, Morvan
Figueiredo de Paula e Silva, presidente da Nadir Figueiredo, empresa liderada
pela quarta geração da família e que completa cem anos em 2012
Esta
é a maior aquisição do grupo no país e foi anunciada após cerca de um ano de
negociações. Uma antiga decisão da Saint-Gobain
de sair desse mercado motivou a aproximação dos grupos. Com mais de R$ 6
bilhões de receita no Brasil, a
Saint-Gobain quer focar a atuação local no segmento de material de construção e
no varejo – a companhia controla a rede TelhaNorte e é dona das marcas
Brasilit e Quartzolit. A Santa Marina, que fazia parte da divisão Saint-Gobain
Vidros, existe no país há mais de 115 anos, segundo informa o site da empresa.
Procurado, o comando da Santa Marina não foi localizado ontem.
Segundo
apurou o Valor, o faturamento da Santa Marina deve ficar entre R$ 290 milhões e
R$ 300 milhões em 2011. A Nadir Figueiredo faturou R$ 433 milhões em 2010 e
analistas do setor esperam expansão de 10% para a companhia neste ano.
Ainda
deve ser finalizada a due diligence da Nadir na Santa Marina e a expectativa é
que no início de novembro esse processo termine. A partir daí, deve começar a
integração dos negócios e das equipes de colaboradores. A Nadir diz que não
deve demitir. Para crescer, precisamos contratar e não cortar,
afirma Silva.
A
Nadir passará a operar com quatro fábricas no país – duas unidades da
Saint-Gobain, em Canoas (RS) e São Paulo, e duas da Nadir, também em São Paulo
e em Suzano (SP). A unidade da Nadir em Caçapava, no interior paulista, deve
ser fechada e pode ser vendida. Já não havia produção no local, esclarece a
companhia brasileira.
O
presidente da Nadir não informou detalhes do ganho de sinergia com a aquisição
e reforçou que o processo de integração das estruturas deve ser complexo.
Será algo difícil. Somos companhias que operam de forma diferente, da
tecnologia à maneira de administrar [o negócio]. Não vai ser muito simples, mas
achamos que daremos conta disso.
A
aquisição é parte da estratégia de fortalecimento da Nadir no país e da
internacionalização da companhia. Cerca de 45% da produção da Santa Marina é
exportada e a companhia é a maior empresa de produtos de utilidades domésticas
em vidro no país – mercado que a Nadir quer crescer. O segmento tem margem
operacional mais alta que outros, como copos e pratos, com atuação forte da
Nadir. A empresa brasileira é a fabricante mundial do copo americano.
Passamos
a ter marcas reconhecidas mundialmente e ganhamos escala para nos fortalecermos
num negócio em que os concorrentes têm operaçôes globais, disse o
empresário.
A
companhia irá submeter a operação aos órgãos de concorrência, mas acredita que
não haverá problemas para a aprovação. O mercado da UD é enorme, tem
produtos de plástico, por exemplo, de diversas empresas. Não acreditamos que
teremos que vender nenhuma marca, conta.
A
Nadir Figueiredo ficará com suas duas fábricas – em Suzano e em São Paulo – e
mais duas do grupo Saint-Gobain.
Fonte:
investfacil.net | Valor Economico