Com
formação eclética, fluência em quatro idiomas e grande curiosidade
técnica, o arquiteto Paulo Duarte já circulou com desenvoltura por
áreas tão diferentes como as de estudo e aplicações de sistemas
construtivos, gerenciamento de projetos e obras e consultoria em
arquitetura e construção. Nessa trajetória, iniciada na década de 1960,
abriu caminho para obras no exterior. Viajou para a Arábia Saudita e
países africanos e europeus, conheceu construções, trocou informações.
Acumulou experiência profissional, e, há cerca de 20 anos, a mesma
curiosidade que o levou por tão diferentes percursos apontou uma nova
jornada – a consultoria de fachadas e coberturas, atividade que
começava a despontar, na mesma época em que o setor registrava
significativo avanço tecnológico. Passou a pesquisar, ler e aprender
sobre perfis, gaxetas, componentes, silicone e vidros. Hoje na lista do
seleto grupo de consultores de fachadas, Paulo Duarte comemora 20 anos
nesse segmento e desponta como um dos nomes que mais entendem de vidro
e eficiência energética, como mostra nesta entrevista a Cida Paiva.
O senhor é arquiteto por formação, mas tem uma carreira bem-sucedida na área de consultoria de fachadas. Como isso aconteceu? |
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Havia, então, a curiosidade voltada para a proposta construtiva? |
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Sempre vi a arquitetura como algo a ser construído, o que me despertou a curiosidade técnica |
A sociedade durou até quando? |
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Como foi entrar na área de projetos de indústrias? |
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E depois desse período? |
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Às vezes, para não ter problema na hora de construir, é preciso pedir para o calculista fazer alterações nos elementos estruturais |
Quais as suas experiências com sistemas construtivos? |
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Na primeira obra que fizemos para a IBM, introduzimos uma novidade na época, o sistema de fôrmas trepantes |
E ocorreram mais trabalhos encomendados pela IBM? |
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O que essa etapa de obras no exterior acrescentou profissionalmente? |
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Quando foi criada a AEC? |
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Criei outra empresa – a PCD Construtores – com o objetivo de fazer só consultoria do envelope do edifício |
E como foi montar uma empresa de consultoria em arquitetura há quase 30 anos? |
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Quais as outras áreas em que vocês davam consultoria na época? |
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Não é função do consultor fazer o projeto de fachadas, e sim dar os parâmetros, ajudar a definir sistemas e processos |
Vocês começaram praticamente na mesma época, então? |
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Qual foi essa mudança? |
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Em 1979 muitos achavam uma loucura montar uma empresa de consultoria em arquitetura e construção |
Então o senhor migrou da estrutura para o envoltório? |
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Qual o papel do consultor, hoje? |
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O crivo em cima do projeto é muito sério. Às vezes, são mais de cem folhas de desenho que devem ser analisadas, com detalhes e ensaios |
As antigas serralherias, como Fichet, Ajax e Pagani Pinheiro, tinham equipes de projetistas. As atuais têm condições de desenvolver esses projetos, contando com consultoria? |
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O caixilho, hoje, conta com boa dose de engenharia, mas, ao mesmo tempo, há no mercado bons sistemas. Nesse aspecto, o que muda para o fabricante de esquadrias? |
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Eu exijo que o caixilheiro tenha um engenheiro na equipe para assumir a responsabilidade técnica sobre a obra |
Há algum exemplo recente de relaçãodessas empresas com as solicitações do mercado? |
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Quando entrei nessa área, eu via a fachada como um todo, incluindo os caixilhos e o vidro. Passei a pesquisar, ler e aprender sobre o assunto |
Qual é a sua visão do mercado brasileiro atualmente? |
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E com relação às exigências do consumidor? |
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A tendência é as empresas de caixilhos, que atendem grandes obras, se estruturarem como empresas de engenharia |
Mesmo com essa displicência do consumidor, o mercado está mudando? |
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Por Cida Paiva Publicada originalmente em FINESTRA Edição 49 Junho de 2007 |