A mão de obra é um assunto extremamente extenso que renderá pelo menos mais duas publicações…
Como meu mercado é o Rio de Janeiro, deixo aqui minha contribuição para que vidraceiros de outros estados deixem a sua opinião.
Há quatro anos, visitei, no mês de julho, uma rede de vidraçarias no Rio Grande do Sul e participei de umas de suas reuniões. Quando a reunião foi aberta, todos começaram a falar de seus anseios, o principal desafi o deles era, e acredito ainda ser, funcionários sem qualificação, em especial instaladores de vidro temperado.
Não acreditando que um estado como o Rio Grande do Sul fosse ter os mesmos desafi os que o Rio de Janeiro, expus também o meu ponto de vista sobre a questão da mão de obra.
No Rio de Janeiro,não temos uma escola ou curso profissionalizante, no qual o aluno possa sair capacitado a executar qualquer tipo de instalação de vidro comum, box e temperado. Vidro laminado nem se fala, porque essa palavra há algum tempo não faz parte do dia a dia dos vidraceiros.
Os serralheiros mais uma vez aproveitaram a oportunidade e incorporaram assim o laminado na sua gama de produtos.
Até hoje, o empreendedor vidraceiro forma sua própria mão de obra, disseminando os mesmos erros. Isso me parece mais uma situação ocorrida na Itália por volta do século XII, em que a cidade de Veneza controlava a produção e o comércio de vidros.
Naquela época, esses artesãos só podiam deixar a Ilha de Murano com autorização especial, nem tão pouco podiam ser feitas visitas nos locais de produção. Assim criou-se e perpetua-se até hoje, principalmente no Brasil, a detenção de poder dos que produzem.
Não tome isso como uma crítica à indústria, mas sim como uma postura de nós, vidraceiros,que permitimos e compactuamos com a situação.
Quantos instaladores em média tem uma vidraçaria de grande a médio porte? Dez? E uma pequena? Dois? E como treinar essas dez pessoas para que elas possam aprender a arte da instalação e também obter uma nova visão corporativa, em que o comprometimento de todos é fundamental para o desenvolvimento da empresa? Esse treinamento só é possível quando mais empresas se unem e em conjunto com a indústria renovam o nosso tão carente departamento de instalação.
Agora deixo aqui algumas informações sobre valores de mão de obra, o qual divido em duas categorias: funcionários e autônomos.
No Rio de Janeiro, um instalador registrado, capaz de fazer instalação de espelhos, boxes de banheiro, vãos de correr e precários domínio de colagem de vidro
têm um custo para a empresa em torno de R$ 1.500,00 (somam-se aí todos os encargos, vale transporte e vale alimentação).
O autônomo, sem vinculo nenhum com a empresa, cobra por uma peça de box R$ 20,00 e uma peça de instalação R$ 27,00.
O metro quadrado da instalação do espelho custa R$ 27,00; já o metro linear de colagem é R$120 ou 30% do valor cobrado de uma manutenção. Isso é muito? O que diz você sobre a sua região? Quanto você está pagando por esses serviços?
Na próxima edição, vou fazer uma pesquisa com alguns instaladores do Rio de Janeiro e saber qual das duas categorias, o autônomo ou o profissional contratado, está mais satisfeito e comprometido com o seu contratante e com o consumidor final.
Mande a sua opinião para
marília@comvidro.com.br
Até breve.
Fonte: Revista O Vidraceiro