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Na decoração, os vidros causam um efeito único. É por meio
deles que os proprietários têm a sensação de uma casa ampla e arejada. Muito
utilizado nas construções, principalmente nas mais contemporâneas, o vidro vem
ganhando destaque merecido. Confira na entrevista com o arquiteto Samuel Klawa
detalhes importantes sobre o histórico do vidro, produtos mais consumidos e as
principais vantagens de utilizá-lo.
JdeB – Desde quando o
vidro é utilizado na construção?
Samuel – Não existem relatos específicos quanto ao início da
utilização do vidro na construção civil. Com várias utilidades, sua história
inicia-se há 4 mil anos, no Egito, sendo que no Brasil os primeiros relatos em
edificações aparecem entre os séculos 17 e 18 e quase exclusivamente em
construções nobres, igrejas e palácios, nas cidades mais prósperas e mais
importantes ligadas à estrutura econômica e administrativa da colônia.
JdeB – Que tipos de
vidros são os mais procurados pelos consumidores?
Samuel – Depende muito
do tipo de edificação. Se for uma residência, prioriza-se a estética, se
for em uma obra comercial, algo que possa ser utilizado em vitrines e também
traga segurança interna.
JdeB – Na decoração
de fachadas, o vidro ganhou destaque por quais motivos? O que ele proporciona?
Samuel – Hoje trabalhamos muito com uma combinação de
materiais, tais como: pedra, madeira e revestimentos cerâmicos. O vidro é um
material que combina com todos estes e, para compor uma fachada com equilíbrio visual, é uma ótima opção. Os
tempos mudaram, os conceitos e os clientes também mudaram. Hoje se entende que
uma janela, uma porta ou uma simples parede com transparência tem um valor
maior do que apenas funcional e o vidro,
além da passagem da iluminação, proporciona segurança, isolamento termo-acústico
e proteção contra algumas intempéries.
JdeB – O vidro fumê
era tendência no passado, hoje parece ter perdido espaço para o vidro verde. É
isso mesmo? Por que os vidros estão tão na moda?
Samuel – A grande questão é que se aprendeu muito mais sobre o vidro e suas características nos
últimos 30 anos do que em toda a história de sua utilização. Técnicas de têmpera química
trouxeram uma maior resistência mecânica, aumentando as possibilidades de
utilização, sendo que também existem vários formatos de vidro como, por
exemplo, o vidro curvo, que têm a possibilidade de ser colocado em sacadas e
paredes com curvas, sem a necessidade de
ser cortado em várias partes para adaptar-se à forma da superfície de instalação.
O vidro fumê já foi muito utilizado,
porém, ele absorve e transmite mais calor do que o vidro verde que, ao
contrário, tem um índice de reflexão de calor maior. Isso proporciona um
ambiente interno com uma temperatura menor se utilizar o vidro verde do que se
usado o vidro fumê. O importante também é entender que a eficiência na
temperatura se dá por uma combinação de fatores, sendo o vidro uma delas.
Existe também uma tendência estética nisso tudo. O vidro verde traz uma
aparência mais agradável e uma melhor transparência e combinação com outras
cores e materiais.
JdeB – Muitas pessoas
optam pelo vidro até mesmo nos muros das casas e nas grades. Além da beleza, é
realmente seguro?
Samuel – A ideia de que quanto mais fechado melhor é algo
ultrapassado. No livro Arquitetura contra o crime, do Coronel Bondaruk, da
Polícia Militar do Paraná, temos alguns dados interessantes de edificações que
sofrem por terem estas características. No caso dos muros, o vidro é uma ótima
opção, pois, além de delimitar o espaço público do privado, proporciona
visibilidade. Isso não permite que o ladrão haja sem ser notado. Segundo
levantamentos feitos com os próprios marginais, se ele tiver que optar entre
uma casa com muro totalmente fechado e outra com visibilidade, com certeza ele
ficará com a primeira e os dados estatísticos comprovam isso.
JdeB – É muito caro o
investimento?
Samuel – Podemos tomar por base um valor médio entre
alvenaria e vidro. Enquanto o vidro temperado custa em torno de R$ 200 o m² a
alvenaria chega a R$ 60 já com pintura. Poderíamos concluir que o vidro é bem
mais caro, porém, acessível e utilizado apenas em algumas posições. O que
precisa ser avaliado é o custo benefício que esse material proporciona. Ele é
um material mais caro, porém, com características que nenhum outro possui.
JdeB – Quando o
consumidor opta por uma parede feita de vidro, investe na luminosidade e
ampliação do ambiente. Mas quando ele quer preservar a intimidade da família, o
que fazer? É legal usar cortinas?
Samuel – Com certeza, a cortina é obrigatória se o vidro for
utilizado em uma residência. Ele também não retém totalmente a incidência dos
raios solares sobre os móveis, por exemplo. Como temos no mercado uma
infinidade de tipos de cortina que
compõem muito bem com o vidro, sempre será necessário utilizá-la.
JdeB – O vidro está
cada vez mais presente nos projetos arquitetônicos. Essa tendência vai se
manter?
Samuel – Por enquanto sim, mas como alguns materiais também
transparentes como o acrílico e o policarbonato estão em constante evolução,
tenho um pensamento que num futuro próximo teremos uma mudança de
tendência já que opções de cores,
formatos, resistência mecânica e eficiência energética estão sempre surgindo no
mercado e os preços e a tecnologia de utilização estão cada vez mais
acessíveis. Vejo também que temos uma necessidade de eficiência energética nas
edificações cada vez maior. Não podemos
conceber um projeto sem uma preocupação mínima com estas questões. O
vidro, além de outros materiais, deve ser pensado também sob a ótica de
eficiência energética e aproveitamento das fontes naturais de energia.