Na verdade, ele vive, literalmente, quebrando vidros…
Em uma das edições passadas, falamos sobre alguns motivos que podem levar à quebra dos vidros e destacamos as microfi ssuras, citamos cortes defeituosos e prometemos falar algo a respeito oportunamente. Então, este será nosso assunto desta edição: como deve ser um corte de vidro? Quem está acostumado a cortar vidros o faz quase que intuitivamente, sem fi car prestando muita atenção no que acontece no processo do corte com o cortador manual, digo manual porque também há cortes feitos automaticamente por máquinas, que não serão o foco de nossa abordagem gora. Normalmente, usamos a expressão cortar o vidro, aí começa a controvérsia do processo de corte; podemos dizer também que quebramos o vidro, só que esta quebra é feita de forma planejada, para que se consiga quebrá-lo exatamente no ponto que desejamos. Explico: quando se vai cortar um vidro, primeiro marcamos a dimensão ou formato que se deseja obter como forma fi nal; em seguida, riscamos/ traçamos o vidro com nosso cortador, que alguns chamam de diamante, no ponto em que desejamos que ele se quebre. Essa operação normalmente é feita com o auxílio de uma guia (régua, modelo, compasso…) e, por fi m, fazemos uma pressão no vidro, de forma que ele se destaque da placa original no ponto planejado; é esse momento, em que estamos quebrando o vidro, que fi cou fragilizado exatamente no ponto onde foi riscado com a ferramenta de corte que usamos. Já o corte propriamente dito também pode ser feito com discos de cortes apropriados (discos diamantados), normalmente feitos pelos transformadores de vidro comum em temperado, ou seja, aqueles recortes feitos nos vidros para adequar as ferragens nos vidros temperados são feitos com discos de corte, aí sim podemos dizer que o vidro foi literalmente cortado. Quando cortamos o vidro podemos obter o corte ideal, que é chamado de corte limpo, ou os indesejáveis, os cortes com defeitos, que mostro na fi gura.
Dez dicas para o correto corte de vidro
1) Nunca tente cortar um vidro temperado; além de não conseguir cortálo, você vai estragar seu cortador;
2) Os vidros possíveis de serem cortados são: vidros comuns impressos (corte o vidro do lado oposto à impressão), comuns lisos, espelhos (corte o vidro do lado oposto à espelhação),
refl etivos (espelhados, corte o vidro do lado oposto ao tratamento de refl exão), coloridos (fumê, bronze, verde…), laminado com dois vidros ou laminados múltiplos (esses requerem
técnicas especiais no corte, das quais falaremos em outra edição, especifi camente);
3) Quando se corta um vidro, microfi ssuras podem ser criadas nas bordas nos vidros, portanto, fi que atento a elas: quando perceber que poderão prejudicar o desempenho do vidro
aplicado, lapide a borda do vidro;
4) Nunca corte uma faixa muito estreita de vidro, essa faixa depende do tipo e da espessura do vidro;
5) Use o cortador de qualidade, de uso profi ssional e apropriado ao vidro que será cortado. Para vidros fi nos, use cortadores com ângulo entre 115 e 120 graus e pressão de aproximadamente
1 kg; para vidros de 3 ou 4 mm de espessura, use cortadores com ângulos entre 120 e 130 graus e uma pressão entre 3 e 4 kg; para vidros de 5 e 6 mm de espessura, use
cortadores entre 130 e 140 graus e uma pressão entre 4 e 5 kg. Na prática, a pressão pode variar de acordo com o uso da ferramenta;
6) Use sempre um lubrifi cante específi co para o corte de vidro, posicione o cortador de forma perpendicular ao vidro, sem incliná-lo, encontre e mantenha a força e velocidade adequada
a ser aplicada no cortador sobre o vidro, partindo das dicas acima;
7) A mesa de corte deve ser perfeitamente plana e com dimensões iguais ou superiores à chapa que será cortada;
8) O traçado deve ser iniciado e terminado a 3 mm das bordas;
9) Um bom traçado canta, deve ser fi no e brilhante, nunca crepitante ou rangente, deve ser feito de uma só vez, com velocidade e pressão constante;
10) Faça o destaque imediatamente após o traçado.