O sucesso do
trabalho de aplicação de silicone em fachadas, esquadrias e coberturas de vidro depende
da qualidade da mão de obra e do controle de cada etapa – da limpeza da superfície,
passando pela aplicação eventual de um primer e, finalmente, do silicone -,
principalmente no caso de fachadas estruturais.
I – PREPARAÇÃO DE SUPERFÍCIES
Para que a adesão do selante tenha bom resultado, o substrato
deve estar limpo, seco e sólido. Cada tipo de substrato requer determinados
procedimentos:
. Metais
» alumínio natural: contém
contaminantes como óleos, grafite ou resíduos de carbono. Pode ser difícil de limpar e
se oxida facilmente, prejudicando a aderência do silicone. Preparar a superfície e
aplicar o primer em uma película fina (se necessário); após cerca de 30 minutos,
aplicar o selante;
» alumínio pintado ou anodizado: permite
freqüentemente uma adesão excelente;
» aço inoxidável, galvanizado ou zincado:
utilizar apenas selantes de cura neutra;
» aço não pintado ou estampado: sofre
oxidação, provocando falhas no selante. Limpar a superfície com um pano embebido em
álcool isopropílico e, em seguida, aplicar um pano seco para remover imediatamente a
poluição. A utilização de um pano umedecido em álcool e outro seco é muito
importante para que a superfície fique completamente limpa.
. Vidros
É uma excelente superfície para adesão do silicone, porém
requer cuidado na escolha do silicone correto, principalmente nos casos de vidros
laminados, que devem receber apenas silicones de cura neutra. Os de cura acética liberam
vapores ácidos que reagem com o filme de polivinilbutiral (PVB), provocando manchas na
superfície próxima ao perímetro do vidro. A preparação da superfície deve ser feita
através da limpeza com um pano embebido em álcool isopropílico e, em seguida, com um
pano seco; aplicar o selante em seguida.
. Concreto
Óleo ou outros contaminantes, como desmoldantes à base de
vaselina, usados na formulação do concreto podem prejudicar a adesão do silicone. A
superfície deve ser limpa com jato de areia, lixada e receber um polimento (se
necessário, usar palha de aço). Se o concreto estiver molhado, usar solvente para
limpeza e aceleração da evaporação da água. Aplicar o selante assim que o solvente
evaporar ou o substrato secar.
II – USO
DE PRIMER
Produto à base de solventes, o primer é indicado para casos
muito especiais em que os silicones disponíveis no mercado não apresentem, quando
previamente testados, níveis adequados de aderência a um determinado tipo de substrato.
O produto provoca reação química entre o substrato e o selante, agindo como promotor de
aderência, mas deve ser usado apenas quando esgotadas as possibilidades de testes com os
vários tipos de silicones, pois, além de altamente tóxico, sua aplicação requer
controle rigoroso. Quando aplicado em excesso, após evaporação do solvente, forma uma
camada de pó esbranquiçado que prejudica a aderência do silicone. Sua aplicação
requer os seguintes cuidados:
» utilização do primer correto e
adequado;
» não aplicá-lo em excesso;
» aplicar uma película fina, utilizando um
recipiente pequeno e limpo de metal ou vidro, que deve ser fechado quando não estiver
sendo usado;
» deixar secar o primer antes de aplicar o
silicone.
III –
APLICAÇÃO DE SILICONE ESTRUTURAL
A função do silicone estrutural é transferir a carga dinâmica
das pressões/depressões do vidro ao caixilho. Sua aplicação deve ser procedida de
testes de adesão, realizados em laboratório. A aplicação de silicone em fachada
estrutural sem os cuidados necessários poderá, na pior das hipóteses, ocasionar a queda
de um vidro. Para evitar desperdícios de material e otimizar o trabalho, os seguintes
aspectos devem ser observados:
» revisão dos desenhos do projeto para
solucionar quaisquer dúvidas antes de iniciar o processo de aplicação;
» definação dos substratos para aplicação
do silicone estrutural;
» execução de testes de adesão e
compatibilidade dos substratos;
» perfis de alumínio, vidros, espaçadores,
guarnições de borracha e calços devem ser checados quanto ao tamanho, forma e
acabamento, conforme a especificação de projeto;
» verificar se o solvente é puro e se ele, o
selante e o primer são do tipo recomendado pelo fabricante do silicone;
» observar se o vidro foi lapidado e cortado
conforme especificação do projeto;
» no caso de vidro duplo, verificar se foi
selado com simples ou dupla barreira, com vedação secundária de silicone.
A superfície deve ser preparada com o uso de solvente limpo e
vários panos limpos e sem fiapos, evitando-se o uso de estopa. Embeber um pano com
solvente e esfregar vigorosamente o substrato molhado; com outro pano seco, esfregar o
substrato molhado até secá-lo, verificando se está limpo. Uma película fina de primer
deve ser aplicada nos substratos quando recomendado, utilizando um pincel de cerdas
naturais ou um pano limpo e sem fiapos. O primer não deve ser aplicado no vidro, e deve
secar por trinta minutos.
Aplicar o selante com cuidado, empurrando o material com a ponta
do cartucho e certificando-se de que a junta foi preenchida por completo. Pressionar o
selante contra os lados da junta e contra o espaçador. Quando o caixilho tiver aba de
sustentação, colocar uma fita adesiva para proteger o perfil e o vidro, removendo-a
assim que o selante for aplicado na junta. Uma providência que pode ser bastante útil,
no futuro, é fazer o registro das unidades fabricadas, anotando cada uma com números
consecutivos e data de colagem, e marcando a sua localização na fachada-cortina depois
da instalação, usando o plano das elevações.
Os quadros colados devem ser deixados para cura na horizontal
pelo tempo especificado pelo fabricante de silicone, em função do produto escolhido
(monocomponente ou bicomponente).
IV –
SILICONE EM VIDRO DUPLO
O vidro duplo é composto por dois painéis de vidro, um perfil
ôco, preenchido por dessecante à base de sílica (para absorver a umidade interna e
evitar a condensação), selo primário (poliisobutileno) e selo secundário (silicone). A
produção do sistema requer:
» lavagem do vidro ou cristal;
» preenchimento do espaçador com o
dessecante;
» dobra do marcador do espaçador e solda
ultra-sônica;
» aplicação do selante de poliisobutileno no
marcador do espaçador;
» montagem do vidro no marcador do espaçador;
» aplicação do selante de silicone na
unidade de vidro duplo, assegurando um bom contato do produto com os vidros.
V – REPARO
DE FALHAS
A reparação de falhas de selantes em obras já executadas
requer a identificação dos tipos de selante e substrato existentes nas juntas, a
análise do tipo de falhas (se adesivas ou coesivas ou se causadas por movimento excessivo
nas juntas), a verificação da compatibilidade entre selantes e substrato e, por fim, a
escolha do selante adequado para a substituição. A partir desse diagnóstico é
possível fazer o reparo, com as seguintes opções:
. remoção e substituição do selante: o selante com
falhas deve ser removido e as superfícies limpas, o que pode resultar em um procedimento
difícil. Em alguns casos é necessário o uso de uma lâmina para remover o selante por
completo. Esta solução é segura se a reparação for feita corretamente e com o selante
adequado;
. aplicação sobreposta de um selante sobre camada de
selante falho: indicada para casos em que ocorreu falha de um selante em fundo de junta.
Ao invés da retirada do silicone velho, colocar uma camada antiaderente (como um filme de
polietileno), e aplicar nova camada de silicone para nova vedação. Este processo oferece
uma superfície única com relevos, apresenta mais movimento nas juntas (+100%, -50%) e é
compatível com uma variedade de substratos. Além disso, o silicone elastomérico
proporciona grande durabilidade de serviço na obra. Não é necessário remover o selante
falhado antes da aplicação;
. uso de fita para vedação: para sua aplicação, não é
preciso remover o selante falhado e fazer a limpeza necessária, porém difícil, ao
substituí-lo. Apresenta melhor adesão às superfícies originais e descontaminadas. Por
ser mais larga, a vedação permite maior movimento, embora requeira, exatamente por esse
motivo, atenção especial à aparência e detalhes das juntas;
. falhas coesivas ou adesivas no substrato: quando aplicado
sobre um substrato não preparado adequadamente, o silicone pode permanecer intato,
durante a movimentação da junta, rompendo o substrato. Isso ocorre, por exemplo, no caso
de superfícies de concreto ou de estruturas metálicas submetidas a pintura com produtos
não adequados.
No caso de rompimento do concreto, recomenda-se retirar o selante
e recompor o substrato com uma resina epóxi, aplicando, em seguida, nova camada de
silicone. Para estrutura metálica recomenda-se um bom lixamento da superfície das
peças, submetendo-as a tratamento anticorrosivo. A seguir, aplicar tinta de grande
aderência e resistência aos raios ultravioletas e aos agentes atmosféricos (à base de
poliuretano ou, preferencialmente, epóxi).
VI –
DIMENSIONAMENTO DAS JUNTAS
Existem dois tipos de juntas a se considerar: a
estática (não se movimenta), e a dinâmica, que sofre movimentos de tensão e
compressão. A capacidade de movimentação das juntas deve estar ligada ao grau de
movimentação do substrato, que indicará o módulo de elasticidade do silicone. Para um
substrato de muita movimentação, usa-se silicone de módulo mais baixo. Quando, ao
contrário, a exigência é de fixação ou colagem, usa-se silicone de módulo mais alto
(o módulo de elasticidade é a capacidade que tem o selante de expandir a 100% sem
ruptura).
Outra solução importante para impedir o rompimento do silicone
é evitar a adesão de três lados. Obtém-se a otimização de um selante com adesão nos
dois lados opostos. Se houver um terceiro ponto de adesão, o esforço poderá provocar
fissura no selante. Para evitar que isso ocorra, isola-se o terceiro ponto de adesão com
um filme de polietileno, usando-se filme ou espuma de polietileno.
Fonte: G
& E Silicones do Brasil – Revista Finestra Brasil – ano 4 – nº 14.